terça-feira, 15 de maio de 2007

Fátima, uma fonte de esperança e fé

Nas primeiras décadas do século XX Portugal vivia um clima de grande instabilidade política, social e económica, gerada, entre outros motivos, pela queda da monarquia e consequente implantação da república e posteriormente pela participação na 1ª guerra mundial. Os antagonismos sociais eram acentuados e a fome era uma ameaça real às classes mais carenciadas. Todavia, o povo matava a fome de pão e de justiça saciando-se com o alimento divino: A palavra de Deus. O fervor religioso vivido era uma fonte de esperança para superar os problemas vividos em Portugal e no resto da Europa que era consumida pela 1ª guerra mundial. Mesmo assim, em Portugal não era fácil praticar a religião de forma pacífica uma vez que o Governo havia dado início ao processo de separação entre o Estado e a Igreja. Aquando das aparições, decorria em Portugal uma campanha anticlerical promovida pelo Primeiro-ministro da época. Neste clima, um milagre traduzia-se quase num desejo inconcretizável e ouvir dizer da boca de três criancinhas que tinham visto uma Senhora, o Anjo de Portugal, era motivo de repreensão e de chacota imediata não só pela família e amigos mas por toda a sociedade em geral. Porém, o dia 13 de Maio haveria de marcar para sempre a História de Portugal e da Igreja, quando três criancinhas que apascentavam o seu rebanho na Cova da Iria, em Fátima, Leiria, viram um anjo que lhes pediu que se deslocassem ali durante os próximos meses e que rezassem o terço todos os dias pela conversão dos povos pecadores. A 13 de Outubro, já muito tinham sofrido as crianças Lúcia de Jesus, Francisco Marto e Jacinta Marto ao verem que os seus relatos não tinham credibilidade perante as pessoas e terem sido acusados de engendrarem tudo isto. Mesmo assim, a curiosidade dos populares falou mais alto e aquando da derradeira aparição de N. Sra. aos pastorinhos encontravam-se cerca de 70 000 pessoas à espera de verem a Virgem, mas apesar de isso ter sido possível apenas aos pastorinhos, os restantes puderam presenciar o milagre do sol. A Senhora revelou ainda três segredos que viriam a ser revelados anos mais tarde.
Hoje, 90 anos depois da primeira aparição, passados vários episódios da história de Portugal e da Igreja, ninguém fica indiferente ao nome FÁTIMA e este adquire os mais variados significados para as pessoas que o ouvem. Para os emigrantes Fátima simboliza o seu país, as suas raízes, muitas vezes a fonte da sua força para suportar a saudade dos seus ente – queridos. Para os Portugueses descrentes significa, pelo menos, um ícone importante na história de Portugal e na sua importância internacional que o santuário dá ao nosso país. Infelizmente, para muitos, Fátima traduz-se em fonte de lucro e rendimento, sem olhar a meios para transformar o recinto do santuário num posto de turismo e rendimento. Mesmo assim, para os cristãos católicos marianos, especialmente os portugueses, Fátima adquire um valor espiritual muito superior aos significados atrás referidos, pois desperta em cada um a sensação de paz de espírito total e a plena sintonia com Deus, algo conseguido apenas com muita fé. Fé essa que ultrapassa todas as controvérsias envolta da sucessão dos acontecimentos em 1917, pois para quem, tal como eu, sente a pureza da Virgem quando está prostrado em frente da imagem, a presença de Deus que se faz notar no coração de cada um comprova que, independentemente da veracidade total dos factos até hoje relatados das aparições, houve realmente algo divino que se mantém perceptível a quem o quiser sentir. Nem sempre é fácil explicar a fé que move anualmente milhões de peregrinos a Fátima (muitos deles a pé) aos mais cépticos, pois Fátima revela-se em mim, acima de tudo, como fonte de esperança e fé, mas uma fé que não se explica, apenas se sente de uma forma maravilhosa.

1 comentário:

Rui disse...

Como tu acabaste por dizer, não havia melhor altura em Potugal e no Mundo para as aparições terem acontecido. Coincidências...