segunda-feira, 2 de julho de 2007

"Quem somos, para onde vamos e porque estamos aqui"

Antes de mais, e porque é essencial dizê-lo, assumo-me já como um indivíduo com conhecimentos científicos na ordem do normal para um jovem do século XXI! E digo-o já porque de facto se há qualidade em “A fórmula de Deus” de José Rodrigues dos Santos é a sua simplicidade e, por paradoxal que pareça, riqueza em conhecimentos científicos que esbanja. A imensa informação que aborda é impressionantemente fácil de entender, e evoca questões muito curiosas que tratando-se do eterno Ser, parecem passar ao lado de muita gente (eu acuso-me!). Fala-se da teoria da relatividade, da força forte e da força fraca, da gravidade, de bombas atómicas e de bombas de hidrogénio, do princípio da incerteza, dos teoremas da incompletude, da força electromagnética, do Big Bang, do Big Crunch, do Big Freeze, e de tantos outros termos e teorias científicas. Cabe ainda um lugar à religião (afinal o título evoca logo o nome de Deus): fala-se do Hinduísmo, do Budismo, do Cristianismo. Fala-se também de Einstein. E se tudo vos parece confuso, digo-vos que se fala (e perdoem-me este termo pois afinal num livro não se “fala”, quando muito, reflecte-se aquilo de que falamos), das mais simples, mas complexas questões da humanidade: quem somos, para onde vamos e porque estamos aqui?!

Ora JRS obviamente não fala em certezas, mas com certezas eu vos digo que muitas achas deita à fogueira. As revelações, encadeadas nos diálogos das personagens, são extraordinárias! E já que tenho a deixa das personagens, começo então agora por me debruçar no enredo, frustrantemente, a parte menos boa do livro. Tudo é demasiado cliché! Tomás de Noronha, historiador e criptanalista, num belo dia conhece uma belíssima mulher iraniana (onde é que eu já vi isto?), que lhe propõe, a mando do governo do Irão, uma proposta irrecusável. Essa proposta gira em torno de um documento nomeado Die Gottesformel escrito por Albert Einstein! Mas, porque a história assim não tinha piada nenhuma, era necessário a habitual jogada dupla: Tomás é também contratado pelos americanos para o mesmo fim. E se pensam que temos “pano para mangas” estão enganados: ainda há os surpreendentes e nada habituais problemas familiares, neste caso em relação ao seu pai (que, curioso, era um pai distante!). É certo que o desenvolvimento da narrativa até é interessante, agarrando o leitor do início ao fim, como diria o principezinho, cativando! Mas tudo é demasiado forçado…não se lhe exige perfeição realística, mas em “A fórmula de Deus” há um certo abuso. Para além de haver os estonteantes clichés. No reverso da medalha há que admitir que a carga visual do filme é muito forte, existindo mesmo algumas descrições ricas em pormenores, não descurando, contudo, a louvável simplicidade de escrita (compreendida por termos uma “mão” de jornalista).

E porque me estou a alongar demais, e é importante ainda deixar no ar algumas considerações acerca dos temas debatidos, concluo simplesmente com uma recomendação à leitura desta nova incursão de JRS (mesmo com algumas reservas no que diz respeito ao romance policial, ainda longe dos congénitos de Dan Brown). Concluída a minha simples opinião do livro (e não passa de uma simples opinião de um simples leitor), chego à parte mais estimulante. E há essencialmente duas questões, levantadas pelo livro, que queria aqui deixar: afinal Deus é bom e omnipotente? “JRS” diz-nos o seguinte: “se Deus é bom, não pode ser omnipotente, uma vez que não consegue acabar com o mal. Se Ele é omnipotente não pode ser bom, uma vez que permite a existência do mal. Um conceito exclui o outro” Interessante não?! E, por fim, quem somos, para onde vamos e porque estamos aqui?! Por razões óbvias não irei expor a ideia estupefaciente do livro, pois se JRS me deu oportunidade de fazer esta opinião ele também merece este comentário final: se querem saber a resposta milionária, comprem o livro!

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