quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Irmão Roger de Taizé morreu há dois anos...


A oração da noite em Taizé do dia 16 de Agosto de 2005, depois de mais um dia pacífico naquela comunidade, haveria de ficar para sempre marcada pelo mais horrendo dos crimes. Uma mulher Romena desequilibrada mental agrediu o Irmão Roger com uma faca. Apesar de o irmão ter sido prontamente socorrido, o seu desaparecimento naquele momento era inevitável. Diz quem teve o privilégio de estar perto deste senhor em vida, que a sua imagem reflecte toda a serenidade e o amor de Deus. A verdade é que a sua figura desapareceu, mas a sua personalidade será sempre um exemplo para os jovens de todo o mundo e, claro, a sua obra continua com a colaboração de todos os amigos de Taizé por aí espalhados e essencialmente pelos irmãos da comunidade que tudo têm feito e com certeza continuarão a fazer para manter sempre vivo o espírito de fé, partilha e união que leva todos os anos milhares de jovens (e menos jovens) de todo o mundo à pequena aldeia do Sul de França. O mesmo espírito que fez com que há mais de 60 anos Roger Shutz pegou na sua bicicleta, abandonou o seu país, e rumou até à pura solidariedade. Deixou um família para trás para se instalar na pequena aldeia de Taizé, devastada pela guerra, para acolher os refugiados (principalmente judeus), dar de comer a quem tinha fome e, acima de tudo, dar consolo aos que sofriam, mostrar que Deus existia e os amava mesmo no meio da tristeza da guerra. Instituída a paz e ao fim de muitas provações já passadas, a casa que Roger habitava tornou-se pequena para acolher os que pediam ajuda ou iam simplesmente visitá-lo e para os seus amigos de Lion a quem pediu ajuda para melhor levar a cabo as suas intenções. Na Páscoa de 1949 os primeiros irmãos prometeram iniciar uma vida comunitária pautada pelo celibato, pela simplicidade e pela partilha. Desde esse dia cada vez mais pessoas vinham para passar alguns dias com os irmãos e a comunidade ia crescendo, até hoje. Actualmente vão a Taizé milhares de jovens de semana a semana para encontros com outros jovens cristãos, reflectindo no tema “vida interior e solidariedade humana” ou procurando algo que lhes faça acreditar em Deus e no amor. A Igreja da comunidade com capacidade para alguns milhares de pessoas, tem o nome de “Igreja da reconciliação” que evoca aquilo por que, no fundo, o irmão Roger sempre ansiou: a reconciliação das religiões, dos Homens com Deus e, acima de tudo, dos Homens entre si e consigo mesmos.
Taizé não se resume à aldeia e está espalhada pelos locais mais pobres do mundo onde moram alguns dos 100 irmãos da comunidade para ajudar na vida das pessoas, para além das peregrinações de confiança organizadas anualmente num país diferente da Europa onde os jovens europeus se unem na época da passagem de ano para orar pela paz. Amigo da Madre Teresa de Calcutá e de Karol Wojtyła, o irmão Roger, fundador de Taizé, deixou várias obras editadas tendo como tema fulcral o amor de Deus e foi premiado variadíssimas vezes por várias organizações ligadas à paz, entre elas a UNESCO. Um dia o papa João Paulo II disse que Taizé era “uma fonte de fé onde o peregrino se refresca e descansa, para depois continuar o seu caminho…” Eu sei que é assim, quem já esteve em Taizé também sabe.

Sem comentários: