quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Cinema: Os Simpsons - o filme e Ratatui

Ora pois: Ratatui e Os Simpsons – o filme ou melhor (impondo-se a ordem cronológica de estreia em Portugal), Os Simpsons – o filme e Ratatui! Para já é uma guerra anunciada nos prémios que se avizinham e em especial nos invejados Óscares em que tudo pode acontecer: é certo que como apoio crítico Ratatui consagra-se facilmente vencedor, tal é a unanimidade em relação ao filme da Pixar, mas, a verdade, é que Os Simpsons também foram bem aceites e têm o factor Nome já que a série que lhe deu origem tem 18 anos e para além da fama incomparável, é reconhecidamente uma série de qualidade (a Time elegeu-a como a melhor série televisiva do século)! Apostas à parte, porque ainda é precoce, o que interessa é que temos dois grandes filmes de animação a rebentarem com os preconceitos em relação ao género. Criatividade poder-se-á aplicar aos dois, mas de forma distinta. Os Simpsons – o filme encerra em si o conceito de criatividade, isto se olharmos para o filme como um projecto em uníssono com a série. Agora, por paradoxal que possa parecer, é também este o ponto fraco do filme, enquanto objecto singular, pois no que respeita à inovação na mudança do formato de pequeno para grande ecrã, tudo falha! O filme acaba por ser (com todos os prós e contras que isto acarreta) um episódio prolongado da série! É divertido? Sem dúvida, e acaba no momento certo. Mas pergunte-se se se esperava mais e a resposta (infelizmente) é a mesma! Ou pelo menos eu esperava, e discordo piamente da argumentação de que o filme inadvertidamente tinha de ser assim. Não, não tinha, até porque no mínimo se exigia o nível dos melhores episódios, já que era o colmatar daquela que é “ a série”! O enredo resume-o Matt Groening (criador): “..é sobre um homem muito estúpido que provoca um grande problema, tem de encontrar uma solução e recuperar a família”. Depois da família amarela, chega-nos o rato cozinheiro. E a premissa é logo genial. Só que, e infelizmente, a criatividade encerra-se na premissa. A genialidade ainda abrange o campo técnico mas o humor ficou à porta. Tem as suas passagens, mas merecia mais. E que fique bem claro: eu adoraria idolatrar Ratatui como a maioria, invoca-se mesmo que este é o melhor filme de animação de sempre, e como eu gostava de o ter visto assim! Mas, apesar de bom, e de ter algumas cenas e personagens geniais (respectivamente um flashback e um crítico, curiosamente, o flashback é do crítico) o resultado final não é tão animador quando está a ser aclamado! Falta-lhe humor e magia, esbanja qualidade técnica e genialidade argumentativa. Em Ratatui (que é “uma simples receita camponesa”) acompanhamos a história de Remy, um rato que sonha ser cozinheiro (mais uma vez a premissa é genial pela junção de conceitos aparentemente contraditórios). O destino levá-lo-á a Paris, onde encontrará o restaurante do famoso chefe Auguste Gusteau, entretanto falecido, mas a aparecer ao pequeno rato (quiçá uma analogia ao seu consciente)! Ao observar o desastrado principiante Linguini, e após algumas peripécias, estabelece uma pareceria que se revela vantajosa para os dois. E como uma verdadeira fábula, o mau da fita é Skinner, a evitar a unhas e dentes que Linguini herde o restaurante. E talvez aqui esteja a causa da magia da fábula não se invocar: quando os maus não são verdadeiramente maus, o filme não é bom! Ou pelo menos não tão bom como seria expectável. E em jeito de conclusão, tanto a família amarela como o rato cozinheiro representam dois grandes filmes desta temporada, mas nos dois reclama-se a urgência de uma obra-prima! A classificação atribui-se igualmente!
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